terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Família disfuncional



Uma coisa na qual tenho refletido muito e tenho estado mais atenta é o comportamento da minha família.

Percebo como somos disfuncionais em todas as nossas relações, mesmo eu não acreditando que haja famílias "saudáveis". Eu confesso que sou completamente dependentes deles. Eles são barulhentos e não sabem conversar como pessoas normais, sem alteração da voz e sem fazer com que qualquer bate papo se transforme numa briga com gritos e tapas na mesa. Ainda sim sou dependente do carinho e afeto deles. Não que sejam corriqueiros e constantes estas demonstrações de carinho e afeto. Elas definitivamente não são. Mas minha necessidade de ama-los e sentir-me amada por eles é constante e pequenos gestos esporádicos já me confortam imensamente.

Encontrei uma descrição de família disfuncional de modelo 'cindida', na qual encaixo perfeitamente a minha família:


Os membros das famílias não conseguem se relacionar entre si. Encontram-se divididos, dispersos. Funcionam e se relacionam como se, ao ficarem juntos, todos corressem riscos do ponto de vista emocional. Assim, as pessoas não podem ter um relacionamento afetivo, são frias entre si. A doença dessas famílias cindidas está na dificuldade de convívio. Os membros percebem que ao conviverem entre si eles se machucam e se afetam negativamente, uns aos outros. (clique para saber de onde tirei esta informação)

Incrível como os acontecimentos da minha vida me levaram a observar minha família mais atentamente. Algumas coisas que percebi:

Aqui não há pedidos, há ordens. 
Aqui não há compreensão, há culpa. 
Aqui não há liberdade, há cobranças. 
Aqui não há respeito a individualidade, há imposição de vontades.
Aqui não há diálogo, há palavras finais.

Muitos podem pensar "Nossa, que ruim, e agora?". Já eu vejo por outro lado. Perceber estes aspectos da minha família pode ser altamente benéfico para mim. Em análise (terapia) identifiquei a alta dificuldade que possuo de reagir a todas estas situações. O sentimento que reside em mim é sempre de dor e sufocamento. Dentro da minha casa estou sempre tensa. Estas coisas relacionadas acima ativam tudo o que há de mais doloroso em mim. 

E qual a mágica? 

Ao identificar estes pontos eu posso encontrar a melhor forma de reagir a eles, deixando ou não as reações negativas acontecerem, porque agora eu sei quando isso vai acontecer. Não é legal?

Claro que não é fácil, e vai exigir um longo período de compreensão, testes e até mesmo sofrimento. Mas me sinto disposta a enfrentar isso em prol de uma melhor qualidade de vida para mim e para as pessoas que amo.



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Voltando a fazer planos



Ah, tenho me sentindo animada nos últimos dias. Depois de mais de um ano de total inércia eu finalmente estou criando esperança e fazendo novos planos pro futuro. Não são planos concretos ainda, são fumacinhas que andam rodando a minha cabeça e me deixando ansiosa.

Todo esse tempo eu simplesmente achei que não haveria futuro. Seria melhor, mais fácil e menos doloroso morrer de uma vez por todas. Era desesperançoso. Não tratava-se das minhas tão corriqueiras mudanças de opinião, ou insegurança, ou confusão por mudar o que queria pra minha vida a cada dia. Não se tratava deste traço que corrobora pro meu diagnóstico borderline. Não! Tratava-se da depressão, que estava me enlouquecendo, tirando todo o meu desejo de futuro, até mesmo o meu desejo de mudar de desejo a cada 5 minutos.

Acho que finalmente a depressão está amenizando. Acredito eu que graças a medicação receitada pela psiquiatra. Ainda sim, isso me deixa aliviada. Continuo border como sempre, mas um pouco mais dócil graças a terapia. É nela que eu estou me descobrindo e firmando a minha personalidade real. Claro que eu nunca vou deixar de ser border, e nem sei se quero isso afinal é melhor sentir demais do que não sentir nada, mas ser e saber lidar com isso tornará tudo muito mais fácil.

Continuo fazendo meus artesanatos. Terminei uma almofada de retalhos e agora comecei uma de fuxicos. Estou me organizando para estudar desenho em casa mesmo, já que a minha grana está curta e não vai dar pra custear tudo o que eu desejo fazer. Minha psiquiatra disse que está na hora de eu começar a fazer uma atividade física. Eu sempre tive muita vontade de fazer pilates, mas é tão caro... Ainda estou fazendo os cálculos pra ver se vou ter condições de investir nisso. Caso o dimdim não dê vou fazer alguma modalidade de dança no Sesc, talvez balet ou dança do ventre. Também quero me inscrever no teatro. Acho que vai me ajudar muito. Todas estas são coisas que amo me imaginar fazendo e que sei que me deram um prazer imenso.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Dias bons, bons dias.



Esta semana tem sido bem tranquila. Tirando uns ataques de fobia social e um dia mais melancólico por causa de um sonho com o ex, tudo tem corrido bem.

Esta semana passei a me dedicar as ideias que comentei no post anterior. A ideia consiste em fazer alguns artesanatos e tenho ocupado parte do meu tempo com isso. Parece estar surtindo um efeito positivo, pois meu pai comentou ontem que depois que eu comecei a fazer estas coisas meu humor melhorou.



Fiquei feliz com o comentario. Sinal de que estou no caminho certo. Além disso eu adoro artesanatos e tudo o que é ligado a arte.

O que me lembrou um outro momento logo que comecei a fazer os artesanatos, em que a minha mae comentou que eu devia fazer um curso relacionado a isso, pois ainda sou jovem e gosto de mexer com estas coisas. Claro que eu ja havia comentado isso parcialmente com ela, o que ela ignorou naquele momento, mas sinto que a concepção tanto dela quanto do meu pai tem mudado. Acho que é porque eles estão percebendo alguma mudança em mim.

Quanto ao projeto com a minha amiga, tudo tem corrido muito bem. Acho que até o final desta semana ja o colocaremos em pratica, o que me deixa muito contente! Me sinto otimista.

Enfim, os dias tem sido tranquilos. Tirando uma angústia ou outra, me sinto melhor.


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Terapia, lágrimas e dias mais amenos

Depois da briga com meu pai e uma semana sem terapia por conta do feriado finalmente pude libertar meu coração de todo aquele sentimento que estava me matando. Falei tanto, chorei tanto e pude me conectar com tantos sentimentos que vivem em mim mas que eu prefiro me esquivar, que o dia se seguiu meio melancólico nesta quarta-feira. Entre várias coisas importantes colocadas nesta sessão destaco:

1 - a busca de formas que evitem o desencadeamento das reações borders e sentimentos fortes que me machucam,
2 - colocar-me de encontro com a mágoa que tenho de meus familiares, a culpa que julgo ser deles e o abandono que sinto,
3 - tomar consciência de que a causa do meu sentimento de angustia e ansiedade permanente e o desconforto que sinto morando com meus pais provém dos sentimentos dolorosos que as pequenas brigas e picuinhas dos meus pais (que são constantes) causam em mim, bem como a forte cobrança e deposição de expectativas que eles colocam sobre mim constantemente.



Mas como nem só de coisas dolorosas e negativas caminha a minha terapia, falamos também sobre as pesquisas que tenho feito com relação as coisas que podem se relacionar com o que parece pertencer a minha personalidade (vejam, eu tenho sim uma! ^_^ Falta muito a descobrir, mas de pouco em pouco já me sinto contente). Pesquisei bastante sobre Design, principalmente gráfico, de interiores e de joias. Simplesmente me vejo executando cada uma delas, mas como disse para a psicóloga, quero ter certeza de que não farei a escolha errada de novo, seja por impulso ou por me deixar influenciar por algo que um ou outro fala. Sendo assim, tenho algumas ideias em mente, mas depois as contarei com mais calma.

Os dias têm seguido amenos, sem muita intensidade depois da minha terapia, gosto que eles sejam assim. É muito melhor do que o tormento de querer morrer todos os dias, ou as crises de ansiedade e pânico que estavam me tirando do sério. 

Outra coisa muito bacana que esta me deixando mais tranquila é um novo projeto que tenho em mente e que partilho com uma amiga muito querida. Estou animada e feliz por ela ter topado minha ideia maluca e espero que isso possa ajuda-la também, porque ela merece muito ser feliz.

E pra finalizar, ontem saí com minha mãe para comprar umas coisinhas no centro da cidade. Estávamos olhando uns quadros e eu disse a ela que eu deveria ser aquilo, eu deveria ser uma artista plástica. E para minha alegria, minha mãe concordou e ainda disse que era a minha cara!



Encerro aqui. Beijos.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Abandono e pânico: minha primeira recordação

Não sei ao certo quando comecei a me sentir ou ser assim, mas minha memória sempre me leva aos meus 10 anos mais ou menos, talvez um pouco menos.



Meu primeiro episódio de pânico com relação ao abandono eu tinha menos de 10 anos. Não me lembro se eu já frequentava a escola, mas acredito que sim. No dia em questão eu e minha mãe estávamos sozinhas em casa. Meu pai havia levado meu irmão para pescar e minha irmã estava na casa de alguma de nossas primas. Enfim, eu e minha mãe estávamos sozinhas em casa.
Era por volta de 3 ou 4 horas da tarde e minha mãe disse que era hora de tomar banho. Entrei no banheiro e ela entrou comigo. Conversamos um pouco e ela saiu do banheiro, me deixando tomar banho sozinha. Até ai tudo bem, normal como em todos os dias. Eu aproveitei para brincar, e demorei um bocado no banho. Achei legal porque minha mãe não veio dizer que eu devia terminar logo o banho.
Terminei. Desliguei o chuveiro, me sequei e fui pro quarto me trocar. Coloquei uma roupa e chamei "Manhê". Não houve resposta. Chamei de novo "Mãe". Nada...
Foi ai que o desespero começou. As lágrimas começaram a escorrer e eu sai pela casa procurando ela e chamando-a. Em cada cômodo um novo soluço e uma dor que ia aumentando cada vez mais no meu peito. Meu coração batia rápido. Me vi totalmente sozinha, com medo e desesperada. Saí para fora de casa e tranquei o portão, entrei e tranquei todas as portas e janelas. Me joguei no chão do corredor dos quartos e comecei a gritar. Dava murros no chão, chorava e perguntava porque ela tinha me abandonado, me deixado ali sozinha. A dor era enorme, como se ela pudesse a qualquer momento se projetar para fora de mim e se materializar.
Foi então que eu ouvi ela me chamar do portão. Fui até a janela e lá estava ela, também desesperada me chamando, pedindo para eu abrir o portão. Fui lá, mas meu pai havia levado a chave do portão com ele. Ela pulou o portão e me perguntou o que estava acontecendo, porque ela estava na vizinha e ouviu meus gritos de lá. Eu continuei chorando e me sentindo muito envergonhada por ter me desesperado e enlouquecido daquela forma. Falei que ela me deixou sozinha e não me avisou que sairia. Não me lembro se ela me abraçou, mas ela disse que como eu poderia pensar que ela ia me deixar sozinha.

Este acontecimento sempre me deixou confusa. Sentir medo em me ver sozinha é aceitável, tendo em vista que eu era uma menina pequena, mas a intensidade daquele sentimento, que depois se repetiu tantas e tantas vezes na minha vida, é que me chama a atenção. Ate saber que eu sou borderline eu achava que todas as pessoas se sentiam como eu. Achava sem coração as pessoas que terminavam e começavam relacionamentos com a facilidade com que trocam de roupas, ou sentia uma certa inveja das pessoas que saiam da casa de seus pais e se tornavam bem sucedidos e independentes, porque eu queria conseguir ser como elas. Eu sempre me perguntei o que havia de errado comigo?

Tudo agora é uma construção e digo que é extremamente difícil. Difícil porque estou cercada por pessoas que não compreendem o meu transtorno, e ainda pior: não o aceitam. Tive uma briga com meu pai na ultima quinta-feira. Meu pai é o mestre de jogar com a culpa. Eu expor meu desejo de morar sozinha fez com que ele decretasse que eu não os amo (ele e a minha mãe) e que ele não poderia contar comigo para nada. Todos os meus medos se concretizam em saber que ele decepcionou-se comigo pois não sou bem sucedida como ele tanto investiu ou orgulhou-se de dizer quando passei em uma universidade federal ou fui fazer mestrado numa das mais conceituadas universidades do país, não sou responsável como ele sempre achou que eu seria, não sou uma boa filha porque não me importo com eles...

Por mais que eu queria transformar essa dor que esmaga meu peito a cerca de 20 anos, as vezes acho que nunca conseguirei.

Percebo cada dia mais que é um caminho que preciso percorrer sozinha. Cada vez mais é necessário que eu abandone a aceitação e aprovação do outro para constituir a minha vida. Ainda que a dor seja indescritível, sei que eu e tantos outros borders somos imensamente fortes, pois vivermos sob tensão, dor e pressão todos os dias, meses e anos de nossas vidas, e ainda sim conseguimos acordar todas as manhãs para mais um dia.


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Nem sempre o que os olhos vêem é o que o coração sente

imagem de: http://jakko90.deviantart.com/art/Borderline-Personality-Disorder-395119703

Olá pessoal! Desculpem o sumiço. Fiquei uns dias sem internet em casa. Depois tirei uns dias de folga na chácara dos meus pais. Agora, retornei a cidade e a minha tão monótona existência.

Cheguei justamente na quinta-feira, as 10:45h da manhã, direto no consultório da minha psicóloga. Foi uma sessão maravilhosa, intensa e dolorosa. Sai de lá triste. Triste por ser como sou. Por me ferir, me machucar e achar que de alguma forma eu mereço toda essa dor. 
Meus dias oscilam entre ora suportáveis ora insuportáveis. Na verdade não me sinto viva. Me sinto como alguém que apenas existe. Cuja vida não tem graça, não tem razão nem sentido de ser. Na sexta recebi uma mensagem que me matou mais pouquinho. Passei praticamente todo o final de semana dormindo, tentando fazer sumir esse sentimento de vazio e dor.

Ontem deitei pra dormir cedo, mas demorei pra pegar no sono. Durante todo o tempo minha cabeça borbulhava de pensamentos. Pensei na minha vida, nas coisas de que fiz por impulso, nas coisas que fiz por amor, nas mentiras que criei para manter esse amor e nos amigos que perdi por ter amado tanto. Pensei em como as pessoas comentaram o meu sumiço (dois anos), em como elas me julgam e o quanto sou incapaz de explicar-lhes o porque de tudo ter sido como foi. Até mais do que incapacidade, pura preguiça de explicar, de expor a minha vida para pessoas que sei que vão apenas me julgar louca.

Ontem pensei que seria muito mais fácil morrer. Morrer a ter que aprender a lidar com a minha família, morrer a ter que dizer não aos meus pais, morrer a ter que reconquistar pessoas que perdi, morrer a ter que começar tudo do zero, morrer a ter que lutar para manter um foco profissional o pessoal. Tudo me pareceu tão difícil ontem, tão complexo, tão desgastante... 


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Encontro com a psiquiatra



Ontem tive consulta com a minha psiquiatra. Por alguma razão esqueci de levar o resultado dos meus exames e fiquei com "cara de tábua" por conta disso. Mas ela disse que posso levar na próxima consulta.

A consulta foi muito boa. Ela disse que eu parecia mais serena e que isso é muito bom. Falei para ele sobre esse sentimento de estar estagnada, de não ter nada para chamar de meu e como isso me mata por dentro, porque quero muito poder encontrar um equilíbrio para minha vida, para poder fazer planos que eu consiga colocar em prática e ter melhores perspectivas futuras. Ela disse que estou no caminho certo e que apesar da minha visão pessimista de mim existe uma outra perspectiva: eu não tenho família, marido ou filhos que me prendam, tenho capacidade intelectual de fazer o que quiser, só preciso me encontrar comigo e com a minha personalidade e por isso é importantíssimo que eu faça a terapia. Disse também que eu já possuo um histórico de movimento pois eu não me corto mais nem faço mais usos de drogas, o que é muito positivo.

Quanto ao psicopata, ela ficou bastante contente em saber que depois da nossa ultima consulta eu cortei totalmente minha relação com ele. Me disse algo que faz todo o sentido: "Ele é perverso e sabe quais são os seus pontos fracos. Você continuar se mantendo em contato com ele é uma forma de continuar a se mutilar. Não o ato individual que você exercia, mas deixando que o outro te sangre." 

Achei muito bacana quando ela disse "Não sou psicóloga, sou médica e posso dizer 'exclua esse cara da sua vida'. Vou falar não como médica, deixando os diagnósticos de lado, mas como uma tiazinha que mora ao seu lado e que gosta de você: esse cara não serve pra você menina, ele é mal, você merece alguém muito melhor".

Outra coisa que ela disse é que eu posso sim chegar ao estágio de ter controle sobre a forma como eu reajo as situações e sentimentos. Reforçou a importância de fazer a terapia, que no caso de borders é a forma mais eficaz de tratamento.

Além disso, a dosagem do meu remédio aumentou de 50 para 100mg. Ainda tenho muitas crises de ansiedade e compulsão alimentar, apesar de as oscilações de humor estarem um pouco mais brandas, dependendo da situação.

No mais, só daqui um mês a verei novamente. 

Ontem bati um papo delicioso com a menina do canto, uma pessoa maravilhosa! Torço muito pela nossa recuperação. 

Um beijo!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Eu borderline e o amor por um psicopata



Este final de semana terminei de ler o livro Corações Descontrolados (Ana Beatriz Barbosa Silva, editora FONTANAR) e posso dizer que me identifiquei com inúmeras descrições e situações, principalmente no capitulo que trata sobre as relações amorosas. Li em algum blog sobre TPB sobre a relação amorosa de borders com psicopatas, onde estes sentem uma atração fatal, numa mistura que pode ser muito perigosa e altamente destrutiva.

Como descrever minha experiência? Sabe, eu nunca fui muito "namoradeira", ao contrário sempre tive dificuldade de me relacionar mais intimamente, tanto que considero ter tido apenas um namorado que chamo carinhosamente de: o psicopata!

Depois do fim do meu relacionamento passei dias infernais, de uma dependência sentimental exorbitante, uma alto-estima destroçada, comparações com outras mulheres e sentimentos de rejeição que me levaram a loucura (e que ainda me levam, um ano após o fim da relação). Meu namorado não era um "cara comum". A falta de amor que ele demonstrava por mim era incompreensível para alguém que dizia me amar tanto. Meu ex é epilético, tem TOC, extremamente organizado e racional, e eu por não compreender a forma dele me tratar (sempre agressivo, me humilhava, me tratava como um alienígena) passei a pesquisar na internet se havia algum transtorno que pudesse estar associado a epilepsia. Encontrei uma associação com o transtorno psicótico, porém as características de um psicótico não batiam com as dele. Busquei então as características dele: racional, vaidoso, "ciumento" (na verdade ele me tratava como um objeto que pertencia a ele e não podia ter sentimentos e desejos próprios, ou mesmo problemas pessoais. Só ele tinha problemas, só ele importava), egoísta, intolerante a frustrações, violento e agressivo, jogava a culpa nos outros, era obcecado por sexo, odiava animais de todo tipo, tinha TOC, antissocial (ele não tinha amigos, apenas uma coleção de mulheres com quem me traia), extremamente inteligente, sedutor (era inacreditável como as mulheres ficavam apaixonadas por ele), entre tantas outras características. Percebi que ele se encaixava perfeitamente no perfil de um psicopata.

Eu por outro lado, vivia pedindo perdão a ele por coisas das quais não sei porque. Chorava e implorava para que ele me amasse e não me deixasse. Perdoava as traições, as trocas de mensagens com outras. Quando ele me chamava de vagabunda e drogada eu pedia perdão, implorava para que ele entendesse que eu não saia mais, que eu não tinha mais amigos, que eu não usava mais drogas, que eu não olhava para o lado e nem imaginava ver outro homem com desejo que não fosse ele. Enviei e-mail para amigos pedindo para que não me procurassem mais, evitei fazer qualquer tipo de amizade no mestrado, não saia de casa se não fosse com ele. Fazia tudo pra ele e por ele. Costumava dizer-lhe que ele era "toda a minha vida", colocava sempre ele como prioridade, deixava de ir as minhas aulas do mestrado, deixava de fazer meus trabalhos, sempre fazia o que ele gostava e o que ele queria fazer. Tudo para atender a ele, porque só ele importava. Meu peito doía insuportavelmente com a ideia de ele me deixar. Eu o via com uma idolatria, como se ele fosse a única razão da minha existência. Nas inúmeras vezes em que ele terminou comigo eu tive acessos horríveis, não conseguia dormir, me contorcia na cama, no chão, em qualquer lugar, me batia, arremessava objetos nas paredes, urrava de dor, pedia pra Deus me matar, tomava uma cartela inteira de relaxante muscular para fazer a dor parar, ligava pra ele e implorava para que ele voltasse. 

Ou seja, era eu (sou eu) uma border perfeita!

Trechos do livro Corações Descontrolados:
"a ligação dos borders com essas personalidades (narcisistas e psicopatas) é facilmente explicável. (...) Com relação aos psicopatas, essa  visão de uma personalidade bem 'construída' ou 'estruturada' é maior ainda, pois, além de se mostrarem egocêntricos e megalomaníacos, eles costumam apresentar uma eficácia na execução de seus objetivos práticos, especialmente os de caráter material, e grande habilidade na sedução afetiva. De forma quase hipnótica, as pessoas borders exergam esses parceiros ideais para dar consistência a sua existência, além de se sentirem 'importantes' como coadjuvantes na caminhada deles rumo à obtenção de seus objetivos. Os borders se prestam a tudo e suportam violências psicológicas e/ou físicas para auxiliar os parceiros a realizar os sonhos de ascensões profissionais e sociais, numa nítida ação desenfreada que visa evitar, a qualquer custo, o abandono." 


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sessão de terapia #3

Hoje tive a minha terceira sessão de terapia. Acordei ansiosa pra ir. Tinha tantas coisas pra falar...



De todas as coisas que expressei hoje o que mais ficou em voga foi as mudanças de humor, a irritabilidade, a agressividade e os sentimentos que se seguem depois que estas "explosões" passam. Coloquei o explosões entre parentese porque não sou do tipo que bate ou quebra coisas (apesar de já ter feito isso, mas sempre quando estava sozinha). Em frente as pessoas sou muito mais implosiva do que explosiva. Em geral eu engulo a raiva por medo de afastar as pessoas de mim e a descarrego sobre mim, na forma de auto-mutilação/agressão, drogadicção ou álcool e comida. Porém, há aquelas vezes em que eu perco o controle (o que tem sido muito mais comum ultimamente, já que não estou mais fazendo a maioria das outras coisas que citei) e quando isso acontece eu costumo falar de forma muito agressiva com quem quer que esteja por perto.

O mais complicado nestes momentos de raiva e descontrole é o sentimento que me consome depois que tudo já aconteceu. Sinto-me culpada por ter gritado e ser agressiva e isso causa uma forte dor, como se eu fosse uma pessoa horrível (o que também acontece quando dirijo as agressões para mim). Ainda pior é que as pessoas não entendem nem nunca entenderam esses sentimentos, não validam a minha raiva e me tratam como se eu fosse uma adolescente rebelde, o que me deixa ainda mais irritada e frustada.

Outra coisa sobre a qual falamos hoje e que também tem tudo a ver com o que estava dizendo anteriormente é a relação com a minha mãe. Raramente (nunca) eu digo não para minha mãe e isso é sempre muito frustante. Todas as coisas que eu tenho vontade de fazer ela julga desnecessárias. Se eu quero sair com os meus amigos ela já questiona pra que vou sair se posso ficar em casa. Se eu quero ir ao cinema ou comer fora ela acha ruim porque vou gastar dinheiro. Se eu gosto de ler romances ela acha que são livros ruins. Por outro lado ela tendencia a querer que eu faça tudo o que ela gosta, como por exemplo ir a igreja e ler textos bíblicos, ir para chácara e plantar flores no jardim ou ficar em casa com ela e como ela. O desenvolvimento da minha personalidade é extremamente prejudicado por causa disso, porque estou sempre fazendo o que ela quer e não o que eu quero, o que me confunde sobre o que devo fazer. Tudo isso que relatei nos levou ao exercício que a psicóloga me deu na sessão passada que eu falei em um post anterior.

São elas:

- O que gosta de fazer e está fazendo: Ler, trabalhar e gastar dinheiro comigo.

- O que gosta de fazer e não está fazendo: Ir ao cinema, teatro e exposições de arte, sair com os amigos, conversar com pessoas intelectualizadas, estudar assuntos do meu interesse (música, arte, história,  mitologia, cultura, curiosidades), desenhar, ler, ajudar as pessoas a pensar soluções para seus problemas, cozinhar, degustar boa comida e bebida, conhecer novos lugares, viajar e me deslumbrar com coisas belas.

- O que não gosta de fazer e está fazendo: Comer compulsivamente, trabalhar em casa, morar com os meus pais, implorar afeto, dormir em excesso.

- O que não gosta de fazer e não está fazendo: usar drogas, fumar, beber em demasia.

Minha carreira é uma grande questão pra mim. Ter uma personalidade fluida me confunde na hora de escolher o que fazer da minha vida (na verdade me confunde em tudo, preciso sempre que alguém me diga o que fazer e como fazer). Ao final da sessão minha psicóloga me deu um novo exercício: Baseada nas coisas que eu coloquei que gosto de fazer e gosto de fazer mas não estou fazendo eu devo pesquisar profissões que tenham a ver com essas preferencias e me visualizar desempenhando-as, independente da validação ou julgamento de outras pessoas.

Bom, foi isso. Sai de lá muito aliviada e um pouco mais animada. Passei o dia bem, sem crises de ansiedade ou compulsão e variações de humor (pelo menos até agora) e estou sendo agradável com as pessoas. Ainda há esperanças! ^_^



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Desabafo sobre meus dias



Já faz algum tempo que eu penso que não estou vivendo. Passo os dias como se estivesse em um sono profundo e nem me dou conta de que o tempo está passando. Hoje pela manhã tomei um susto quando vi na cartelinha de anti-concepcional que uma semana inteirinha já se foi e eu nem percebi.

Ontem o dia foi completamente estupido. Dormi até tarde, tomei café e desci para trabalhar (meu trabalho fica na minha casa mesmo), almocei, tive vários surtos de compulsão alimentar e passei o dia todo com uma ansiedade chatíssima esmagando meu peito. De noite, depois do jantar fui pro quarto ler. Do nada me senti irritada, chateada e odiosa! Tive muita raiva da minha mãe sem uma razão exata. O surto de ansiedade piorou um pouco e meu coração começou a bater acelerado e uma angustia enlouquecedora me fez rolar na cama e desejar cair num sono profundo. Me senti totalmente desesperançosa. E sabe de uma coisa? Todos os meus dias são assim.

Tenho 27 anos, sou formada por uma universidade federal e mestre por uma das universidades mais conceituadas deste país, porém não trabalho na minha área. Simplesmente não me encontrei! Nas minhas reflexões pessoais acredito que isso se deve a insegurança quanto a minha identidade. Eu simplesmente não sei quem sou, não sei do que gosto, mudo rápido demais. 

Faz mais ou menos um ano que eu perdi as minhas referencias. Eu sempre tive referências. Amigos, conhecidos que eu achava descolados, namorado, eram estas pessoas que me autorizavam como ser. Eu era como elas, ou o que elas desejavam de mim. Mas dos amigos eu me afastei por causa do namorado, e o namorado já não é mais namorado, e eu voltei pra casa dos meus pais e é aqui que eu passo o dia, todos os dias, o dia todo...

Dormir tem sido uma fuga pra mim. Em geral durmo o máximo que posso. Me recolho cedo, por volta das 21 horas e acordo no outro dia as 7:30 da manhã e depois do almoço eu sempre durmo mais ou menos 1 ou 2 horas. Saio muito pouco de casa, em geral para ir a igreja e raras vezes para sair com alguns poucos amigos que de vez em quando se lembram de mim. Confesso que minha vontade é sair, encher a cara, transar com um desconhecido, me entupir de alguma droga e voltar pra casa no outro dia. Mas só de pensar na angustia e dor que tudo isso me causaria depois que o efeito do álcool e das drogas passasse, que eu opto por ficar quietinha na minha casa. Tenho experiência com esse tipo de situação, e sinceramente estou cansada de me sentir um lixo de pessoa.

E assim são os meus dias. E especialmente ontem, especialmente agora, me sinto sem esperanças de um dia ter uma vida com o mínimo de equilíbrio possível.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Boca descontrolada



Não sei muito bem quando foi que isto começou, mas sei muito bem das consequências! Já não é de hoje que sei sobre a minha compulsão alimentar. Muito antes de ter um diagnóstico TPB ou de depressão eu já falava sobre minha compulsão. Resume-se a: Estou feliz? Vou comer! Estou triste? Vou comer! Estou deprimida? Vou morrer de tanto comer! Estou ansiosa? Comer! Comer! Comer!

A comida pra mim é vida e morte. É como se eu a usasse na tentativa de preencher algo, suprir, reprimir, aliviar sensações e sentimentos que eu não sei explicar! O pior é a culpa que eu sinto depois de comer e comer coisas e mais coisas, como agora por exemplo quando acabei de almoçar e "tive" que comer um pedaço enorme de bolo de chocolate recheado somado a mais um beijinho de leite ninho. Ou como ontem, quando eu nem tinha tomado café da manhã ainda e já estava comendo três bombons de chocolate recheados com frutas. É triste e lamentável! Não é algo que se possa dizer: "controle-se", porque é insuportavelmente doloroso. Se eu não como eu sinto náuseas, dor de estômago, fico agitada e inquieta como uma drogada em abstinência, e isso é muito triste.

Minha compulsão me levou a pesar 92 quilos, quando eu tinha apenas 22 anos. Nessa época eu estava no final da minha faculdade e tinha reencontrado um amor virtual (que já era a razão da minha existência). Ele me falou que viria finalmente me conhecer na minha formatura. Ah... o amor border... Na expectativa de encontra-lo e ser desejada por ele eu consegui me manter em uma dieta e driblar a compulsão. Se eu ia comer eu pensava nele, virava as costas pra comida e fumava maços e mais maços de cigarro. Perdi 20 quilos em seis meses e quando ele finalmente chegou aqui na minha cidade eu pesava felizes 71 quilos.

Eu consegui manter esse peso nos três anos que estive com esse amor (mesmo com toda a turbulência desse relacionamento, do qual falarei numa outra ocasião). Mas, como nada na vida de um border são flores, o relacionamento acabou e cá estou eu: incontrolável! Eu tento entrar em dietas e academias, acordo em dias determinada a mudar a minha vida, mas nada dura muito tempo. No primeiro sinal de descontrole emocional (que geralmente acontece pelas mínimas coisas), tudo cai por terra e eu volto a me sentir incapaz e um lixo de pessoa.

Acho ainda mais triste enfrentar essa situação sozinha, sem uma ajuda especializada. Minha mãe sempre pegou muito no meu pé com relação a comida. Esta é uma das razões pelas quais resolvi falar disso hoje. Antes do almoço assaltei um doce na geladeira e ela retrucou "Tá querendo virar uma balofa?". Sei que na cabeça dela ela estava me alertando e desejando o meu bem (como ela fez a vida toda comigo). Mas você já tentou dizer a um viciado para que não use drogas? Não é um simples desleixo. É uma dependência somada a uma falta de amor próprio insuportáveis. Minha vontade foi responder "Deixa eu me matar e não se mete!", mas eu só sai de perto e fui me achar uma idiota no sofá da sala. Não pensem que fico feliz em ser assim. Eu não gosto de ser assim. Minha psiquiatra me passou um anti-depressivo (sertralina) que me ajudaria com os sintomas de ansiedade, impulsividade e compulsão. Faz um mês que faço uso de 50mg, e não vi melhoras nos meus sintomas de compulsão. Vou colocar isso para ela na próxima consulta. 

Minha vida tem se resumido em existir, e mesmo apenas existir tem horas que é difícil demais!

A luta continua.

Beijos. 


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Sessão de Terapia #1 #2 - Por trás do véu

imagem de: http://www.internetmonk.com/archive/40465

Faz mais ou menos um mês que recebi o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline. Na primeira semana li tudo o que podia sobre o tema. Encontrei blogs muito bacanas, como o Borderline Girl e outros que não são mais atualizados a algum tempo e posso dizer que me ajudou muito a entender um pouco sobre o que eu tenho e claro, não me sentir sozinha.

Durante os meus vinte e sete anos eu sempre achei que fosse forte e que poderia lidar com tudo sozinha, mas infelizmente não posso. Por alguma razão meus pais reagiram muito mal ao diagnóstico. Minha mãe negou, disse que vamos a um neurologista, que eu não tenho nada. Claro que é difícil para ela aceitar quando mantive todo meu histórico em segredo. Na minha casa não se fazem muitas perguntas e pode-se dizer que eu sempre fui um pouco "arisca". Já meu pai, não expressa muito o que sente e no fundo acho que eu sou um pouco como ele.

Assim sendo, uma semana após o diagnóstico lá estava eu, novamente em crise, desesperada, pronta para me jogar na frente de um ônibus. Tudo desencadeado por meu ex-namorado, que me mandou uma mensagem que destroçou o resto de carne moída que tenho no lugar do coração. Naquele momento eu tive certeza que não conseguiria sozinha.

Minha psiquiatra me indicou uma psicóloga e foi pra ela que eu liguei.Infelizmente nunca consigo marcar uma consulta no mesmo dia, mas talvez tenha sido melhor assim. Semana passada foi minha primeira sessão: entre lágrimas e milhões de perguntas e amarras que me prendem tudo fluiu muito bem. Entre todas as coisas que contei para ela a grande questão nesse primeiro momento foi: "Quais os fatos da minha vida que me fazem acreditar que não consigo, que não sou capaz de fazer nada?"

Ainda não tenho uma resposta concreta, mas refletindo vejo que tenho uma tendencia a abandonar as coisas. Mudo de humor e opinião com uma facilidade incrivelmente fácil. Além disso, não consigo identificar em mim o que faz realmente parte da minha personalidade e o que foi moldado por conveniência para ser aceita pelos outros. Nisso se resume minha dificuldade: não me acho capaz porque não sei o que quero, nem sei quem sou.

E é incrível como esta resposta foi justamente a grande questão que rondou a minha segunda sessão, hoje: "Quem eu sou?" "O que realmente faz parte da minha personalidade?". Sabia que este espaço me ajudaria, pois foi exatamente agora que me deparei com isso. Como descrevi para minha psicóloga, eu vivo uma vida que não é vida, como se estivesse atrás de um véu, e tudo que vejo é turvo, impalpável, irreal... Incrível como a teia da psique vai se construindo. Isso me deixa feliz. 

A psicologa me deu alguns questionamento que terei de responder durante esta semana, são:

- O que gosta de fazer e está fazendo
- O que gosta de fazer e não está fazendo
- O que não gosta de fazer e está fazendo
- O que não gosta de fazer e não está fazendo

Partilharei aqui estas minhas descobertas. Busco descobrir a Mi e quem aqui vier irá acompanhar isso. Se vencer ou se for vencida, aqui irão saber. Só quero retirar este véu dos meus olhos.


Eu Borderline

foto de:http://modto.com/amanda-clyne-borderline/

Foi depois de uma crise terrível de ansiedade, desespero e desejo de morte que eu decidi ligar para a psiquiatra. Fui lá no catálogo do plano de saúde e procurei por algum nome. Encontrei lá uma médica que me pareceu ser a certa, sem pestanejar liguei. Queria a consulta para o mesmo dia, a mesma hora, o mesmo instante... estava desesperada! Infelizmente não consegui, e depois de uma semana, onde os ânimos já haviam se acalmado um pouco, lá estava eu no consultório esperando a minha hora de entrar.

Depois de algum tempo aguardando a minha vez, vejo entrar na sala de espera um casal de amigos. Ambos se tratam com a mesma psiquiatra, ele com síndrome do pânico, ela com depressão crônica. Fiquei divagando por alguns segundos na doloroso realidade daquilo: cada vez mais as pessoas estão doentes. Chamaram então o meu nome, e lá fui eu.

Simpatizei com a psiquiatra de cara, me senti a vontade e falei falei falei sem parar. Claro que chorei muito, um nó na garganta e um aperto no peito sufocava cada palavra. Auto-mutilação, negligencia comigo mesmo, drogas, álcool, dependência emocional, impulsividade, compulsão alimentar, baixa auto-estima (aliás, nula), entre tantas outras coisas mais, fizeram com que ela me desse o diagnóstico: Borderline.

A vida toda eu soube que havia algo de errado comigo. Impossível não achar isso quando você corta o próprio corpo ou vive uma vida baseada em auto destruir-se, sem saber quem se é. Foi assim que tantas e tantas vezes eu me olhei no espelho e me perguntei "Quem é você?". A grande questão atualmente é que este modo de viver tornou-se insuportável. São vinte e sete anos de nada!

Descobrir-me borderline foi ao mesmo tempo insuportável e libertador. Eu nunca antes havia procurado um médico, ou mesmo fui incentivada pela minha família a fazer isso. Fiz cinco meses de terapia comportamental no ano de 2010, onde fui diagnosticada com depressão e depois fiz quase dois anos de análise (psicanálise) entre 2011 e 2013, que me ajudaram a não me matar. Tudo isso sem um diagnóstico. Sou a favor do diagnóstico.Sem ele eu ainda estaria sem rumo.

Hoje, decidi que é hora de descobrir quem é essa mulher que me olha no espelho. Decidi que é hora de ama-la. Ainda que eu não saiba como fazer isso. Este espaço eu escolhi para um auxílio e espero poder partilhar de um encontro com a pessoa mais importante pra mim: EU.