terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Família disfuncional



Uma coisa na qual tenho refletido muito e tenho estado mais atenta é o comportamento da minha família.

Percebo como somos disfuncionais em todas as nossas relações, mesmo eu não acreditando que haja famílias "saudáveis". Eu confesso que sou completamente dependentes deles. Eles são barulhentos e não sabem conversar como pessoas normais, sem alteração da voz e sem fazer com que qualquer bate papo se transforme numa briga com gritos e tapas na mesa. Ainda sim sou dependente do carinho e afeto deles. Não que sejam corriqueiros e constantes estas demonstrações de carinho e afeto. Elas definitivamente não são. Mas minha necessidade de ama-los e sentir-me amada por eles é constante e pequenos gestos esporádicos já me confortam imensamente.

Encontrei uma descrição de família disfuncional de modelo 'cindida', na qual encaixo perfeitamente a minha família:


Os membros das famílias não conseguem se relacionar entre si. Encontram-se divididos, dispersos. Funcionam e se relacionam como se, ao ficarem juntos, todos corressem riscos do ponto de vista emocional. Assim, as pessoas não podem ter um relacionamento afetivo, são frias entre si. A doença dessas famílias cindidas está na dificuldade de convívio. Os membros percebem que ao conviverem entre si eles se machucam e se afetam negativamente, uns aos outros. (clique para saber de onde tirei esta informação)

Incrível como os acontecimentos da minha vida me levaram a observar minha família mais atentamente. Algumas coisas que percebi:

Aqui não há pedidos, há ordens. 
Aqui não há compreensão, há culpa. 
Aqui não há liberdade, há cobranças. 
Aqui não há respeito a individualidade, há imposição de vontades.
Aqui não há diálogo, há palavras finais.

Muitos podem pensar "Nossa, que ruim, e agora?". Já eu vejo por outro lado. Perceber estes aspectos da minha família pode ser altamente benéfico para mim. Em análise (terapia) identifiquei a alta dificuldade que possuo de reagir a todas estas situações. O sentimento que reside em mim é sempre de dor e sufocamento. Dentro da minha casa estou sempre tensa. Estas coisas relacionadas acima ativam tudo o que há de mais doloroso em mim. 

E qual a mágica? 

Ao identificar estes pontos eu posso encontrar a melhor forma de reagir a eles, deixando ou não as reações negativas acontecerem, porque agora eu sei quando isso vai acontecer. Não é legal?

Claro que não é fácil, e vai exigir um longo período de compreensão, testes e até mesmo sofrimento. Mas me sinto disposta a enfrentar isso em prol de uma melhor qualidade de vida para mim e para as pessoas que amo.



2 comentários:

  1. Auto conhecimento é essencial para se que tenhamos uma vida melhor. Eu cresci em um lar disfuncional e isso me causou grandes problemas como adulta, porém, agora, sabendo disso, sei que posso fazer algo por mim e fazendo algo por mim eu consegui que a minha família também mudasse. Foi uma transformação incrível! Ninguém na minha família virou santo, mas conseguimos transformar toda aquela raiva e ignorância em amor verdadeiro, e isso, pra mim, não tem preço! E sim isso exige um longo e doloroso período de compreensão que vale cada segundo, cada sorriso e cada lágrima! Beijos

    http://diaadiadadepressao.blogspot.com.br/

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  2. Olá

    Obrigado pelos seus comentários nos meus posts. Ainda vou contar toda a história que vivi nesses 5 anos mas vou fazendo na medida que posso, porque mexer em certas coisas sempre me faz chorar. Faz parte, quando se toca em uma ferida que não cicatrizou...

    Também tenho acompanhado sua luta e me alegra ao ver suas realizações. É o que nos resta fazer mesmo: tentar, lutar e buscar estar bem. Não é fácil, mas se não tentarmos aí mesmo que nada mudará. Estou sempre torcendo por ti e também acho que poderia colocar fotos das suas produções :-)

    Bjs

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