Não sei muito bem quando foi que isto começou, mas sei muito bem das consequências! Já não é de hoje que sei sobre a minha compulsão alimentar. Muito antes de ter um diagnóstico TPB ou de depressão eu já falava sobre minha compulsão. Resume-se a: Estou feliz? Vou comer! Estou triste? Vou comer! Estou deprimida? Vou morrer de tanto comer! Estou ansiosa? Comer! Comer! Comer!
A comida pra mim é vida e morte. É como se eu a usasse na tentativa de preencher algo, suprir, reprimir, aliviar sensações e sentimentos que eu não sei explicar! O pior é a culpa que eu sinto depois de comer e comer coisas e mais coisas, como agora por exemplo quando acabei de almoçar e "tive" que comer um pedaço enorme de bolo de chocolate recheado somado a mais um beijinho de leite ninho. Ou como ontem, quando eu nem tinha tomado café da manhã ainda e já estava comendo três bombons de chocolate recheados com frutas. É triste e lamentável! Não é algo que se possa dizer: "controle-se", porque é insuportavelmente doloroso. Se eu não como eu sinto náuseas, dor de estômago, fico agitada e inquieta como uma drogada em abstinência, e isso é muito triste.
Minha compulsão me levou a pesar 92 quilos, quando eu tinha apenas 22 anos. Nessa época eu estava no final da minha faculdade e tinha reencontrado um amor virtual (que já era a razão da minha existência). Ele me falou que viria finalmente me conhecer na minha formatura. Ah... o amor border... Na expectativa de encontra-lo e ser desejada por ele eu consegui me manter em uma dieta e driblar a compulsão. Se eu ia comer eu pensava nele, virava as costas pra comida e fumava maços e mais maços de cigarro. Perdi 20 quilos em seis meses e quando ele finalmente chegou aqui na minha cidade eu pesava felizes 71 quilos.
Eu consegui manter esse peso nos três anos que estive com esse amor (mesmo com toda a turbulência desse relacionamento, do qual falarei numa outra ocasião). Mas, como nada na vida de um border são flores, o relacionamento acabou e cá estou eu: incontrolável! Eu tento entrar em dietas e academias, acordo em dias determinada a mudar a minha vida, mas nada dura muito tempo. No primeiro sinal de descontrole emocional (que geralmente acontece pelas mínimas coisas), tudo cai por terra e eu volto a me sentir incapaz e um lixo de pessoa.
Acho ainda mais triste enfrentar essa situação sozinha, sem uma ajuda especializada. Minha mãe sempre pegou muito no meu pé com relação a comida. Esta é uma das razões pelas quais resolvi falar disso hoje. Antes do almoço assaltei um doce na geladeira e ela retrucou "Tá querendo virar uma balofa?". Sei que na cabeça dela ela estava me alertando e desejando o meu bem (como ela fez a vida toda comigo). Mas você já tentou dizer a um viciado para que não use drogas? Não é um simples desleixo. É uma dependência somada a uma falta de amor próprio insuportáveis. Minha vontade foi responder "Deixa eu me matar e não se mete!", mas eu só sai de perto e fui me achar uma idiota no sofá da sala. Não pensem que fico feliz em ser assim. Eu não gosto de ser assim. Minha psiquiatra me passou um anti-depressivo (sertralina) que me ajudaria com os sintomas de ansiedade, impulsividade e compulsão. Faz um mês que faço uso de 50mg, e não vi melhoras nos meus sintomas de compulsão. Vou colocar isso para ela na próxima consulta.
Minha vida tem se resumido em existir, e mesmo apenas existir tem horas que é difícil demais!
A luta continua.
Beijos.

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