O grande segredo guardado a sete chaves por mim é que eu ansiei a vida toda ter algum tipo de doença grave. Por favor, não estou aqui fazendo qualquer tipo de apologia a morte ou qualquer coisa do sentido. A coisa toda é que percebi nesse meu momento "rainha das dores" o quanto isso está relacionado a minha doença psíquica e a busca por amor.
Vou relatar um pouquinho da minha história para que vocês entendam o que quero dizer.
Eu tenho um irmão e uma irmã que são bem mais velhos que eu. Meu irmão do meio sempre foi muito doente durante a nossa infância. Ele tinha dores de cabeça terríveis onde ele chorava, se contorcia e gritava de dor. Os médicos não conseguiam descobrir o que ele tinha. Suspeitaram de câncer, sinusite aguda, aneurisma e até mesmo HIV, mas nada foi realmente apontado como a causa do que ele sentia. Meu irmão chegou a passar alguns meses na casa de uma tia no Paraná para tratamento médico. Acontece que nesse tempo meu irmão recebia todas as atenções possíveis. Tudo era para ele, os dias de sono perdido, os carinhos, os mimos... e tudo era porque "seu irmão é doente". Até hoje meu irmão é o preferido da casa.
Voltando a falar de mim, desde a minha adolescência de alguma forma eu busquei a doença. Desejava seriamente ter algo grave, que podia acordar um dia e descobrir que tinha algum tipo de câncer ou aneurisma, ou mesmo algum tipo de doença mental grave que me levasse a um internamento em algum manicômio. Bebia até passar mal, fumava até ter falta de ar e assim levava meus dias. Sempre dizia aos meus amigos que já que eu não tinha coragem de me matar de uma vez eu me mataria aos poucos, afim de morrer precocemente.
E justamente agora, no auge dos meus 27 anos e cheia de dores pra lá e pra cá (onde é lógico que na minha mente louca penso ter algum tipo de doença grave) olhei pra dentro de mim mesma, sem pudores e sem preconceito, observando tudo o que há de mais podre em mim e me questionei o porque eu eu desejar esse tipo de coisa (afinal de contas, quem em sã consciência quer ter uma doença grave e morrer?).
Bom, sou borderline a vida toda. Desde minhas mais remotas lembranças eu demonstro traços desta dificuldade em lidar com sentimentos e situações e principalmente a carência de afeto e aprovação do outro. A grande sacada é que na doença eu vi um meio de receber carinho e atenção (tendo como principal exemplo o caso do meu irmão), vi algum tipo de amor que eu raramente experimentei e que eu desejo arduamente que as pessoas sintam por mim, em especial a minha família. E é por isso que eu não tenho medo de estar doente. Muito pelo contrário!
EU SOU MUITO LOUCA MESMO!! Fico de cara com as coisas que descubro sobre mim. Aonde foi que eu me perdi?
A maioria das pessoas hipocondríacas são assim por medo de morrer e de ficar doente. Eu pelo contrário, sou viciada em dorflex simplesmente porque quero me entupir de alguma coisa que pode em algum momento da vida me fazer mal. Claro que o dorflex também tem um outro efeito sobre mim, principalmente nas minhas crises de ansiedade, pânico, afeto e principalmente naqueles dias que a dor e o vazio são insuportáveis, pois ele de alguma forma me acalma. Deve ser por causa do efeito analgésico. Acrescento a esta lista de "remédios para os momentos de crise" o torsilax, cuja caixa tomei toda em menos de uma semana. Tudo em excesso! Se fico gripada sempre tomo o dobro das doses de remédio, de xarope e qualquer outra coisa. Adoro tomar a minha droguinha anti-depressiva, odeio remédios manipulados e os considero ineficazes ao efeito que eu busco.
Queridos que em algum momento lerem este blog, não achem isso legal porque definitivamente não é! Eu tenho um problema, tenho um transtorno de personalidade descrito nos manuais psiquiátricos internacionais. Tudo o que descrevi aqui não é saudável! Eu não ligo dos meus desejos auto-destrutivos, mas sinceramente e de todo meu coração não desejo isso pra ninguém!
Espero que ao menos entendam o quanto isso é um desabafo pra mim.
Até logo.